Ensaios técnicos do concreto
Segundo o manual da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil (Abratec), os tipos e a quantidade de ensaios de controle tecnológico do concreto devem ser definidos de acordo com o nível de qualidade que se pretende atingir, a responsabilidade da obra, o grau de exposição a atmosferas agressivas e a vida útil da obra influenciam nessa decisão.
Considerando que a quantidade de água na mistura do concreto é fator fundamental para a determinação da resistência a compressão, os métodos de definição de quantidade de água nos agregados miúdos e a trabalhabilidade do concreto são ensaios importantes que podem definir a qualidade final do produto.
Existem basicamente três grandes grupos de ensaios para determinar a qualidade do concreto:
• os realizados nos materiais constituintes do concreto: agregados, aditivos etc.;
• os que avaliam o concreto fresco: determinação de consistência, exsudação e tempos de pega;
• os que conferem as propriedades do concreto endurecido: resistência à compressão, resistência à tração, módulo de elasticidade e absorção de água.
Também podemos classificar os ensaios em destrutivos quando os corpos de prova são destruídos e não destrutivos quando a avaliação não depende da destruição da peça de concreto.
Os ensaios podem acontecer em diferentes momentos, os ensaios para a determinação da resistência à compressão são realizados aos 28 dias, para a confirmação da resistência característica a compressão no concreto empregado na obra (fck), esse ensaio pode ser realizado em diversas idade (j) do concreto para acompanhamento da evolução de sua resistência (fcj).
Outro ensaio importante é o de recebimento do concreto no estado fresco, conhecido como teste do abatimento ou slump test, ele deve ser realizado em todas as betoneiras que chegam na obra, esse teste é realizado após a mistura de todos os componentes do concreto e antes da moldagem dos corpos de prova e lançamento do concreto.
O controle tecnológico pode ser feito em uma obra de duas formas, com mão de obra própria do construtor ou utilizando uma equipe terceirizada.
Para pequenas obras o controle tecnológico do concreto feito com mão de obra própria ainda produz bons resultados. Agora em obras de grande porte e de grande responsabilidade, é importante terceirizar este controle com empresas especializadas, assim se obterá um controle mais rigoroso do material utilizado.
Antes de contratar uma empresa para controle tecnológico, a construtora ou empreiteira deve consultar se o laboratório possui certificação junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). Para não comprometer a confiabilidade e a isonomia, é importante também que o laboratório não tenha qualquer vínculo com a concreteira fornecedora.
O fato de o laboratório possuir o selo de certificação indica que ele possui controle de qualidade dos procedimentos que envolvem os ensaios realizados, estrutura que atende às normas técnicas, controle de calibração de equipamentos e pessoal treinado
Problemas de confiabilidade do controle tecnológico do concreto podem ser consequência da falta de um plano de concretagem bem detalhado, com todas as etapas que antecedem a concretagem checadas. Deve-se considerar que o concreto tenha um tempo para ser transportado, lançado na forma, adensado e acabado dentro de um limite de 3 horas após a mistura.
Todos os envolvidos devem saber as influências de cada processo no resultado final dos ensaios, para ser bem-sucedido, o controle tecnológico do concreto requer a capacitação dos profissionais envolvidos em todo o processo de mistura, transporte, lançamento, coleta de amostras, moldagem, acondicionamento de corpos de prova em obra e no laboratório, preparo e ensaios.
A retirada da amostra para a determinação do abatimento e para moldagem dos corpos de prova é um ponto crítico em relação ao processo. É importante que a amostra seja colhida logo após a adição de toda água do traço do concreto e após a descarga de 15% do volume de concreto.
Basicamente os ensaios mais comuns do concreto são:
• Teste do abatimento do tronco de cone (slump test);
• Resistencia a compressão na flexão;
• Resistencia a compressão axial;
• Resistencia a compressão diametral;
• Resistencia a compressão axial de blocos de concreto e blocos cerâmicos;
• Esclerometria;
• Resistencia a compressão axial de argamassas.
Hugo Cardoso Esteves
Engenheiro Civil
Bibliografia
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