Engenharia Industrial-Madeira: Abordagem Sobre a Realidade e o Futuro Promissor do Curso no Campus de Itapeva da Unesp
Victor de Araujo, Doutor em Recursos Florestais e Engenheiro Industrial Madeira Juliano Vasconcelos, Mestre em Engenharia Urbana e Engenheiro Industrial Madeira
A América do Norte, Europa e Oceania possuem forte desenvolvimento industrial na área da madeira. Esse fato fortalece a Ciência da Madeira, especialmente nos países desenvolvidos dessas regiões, para que essa matéria-prima seja fortemente aplicada à sociedade. A valorização do emprego de materiais naturais renováveis e sustentáveis constitui em uma das principais razões para esse cenário. Um grande exemplo disso é a Suécia que, devido a sua indústria madeireira, duplicou a sua produção de florestas.
No entanto, alguns países ainda em desenvolvimento também já procuram desenvolver os seus setores produtivos de base florestal-madeireira. Um grande exemplo disso é representado pelo curso superior de Engenharia Industrial Madeireira, o qual já se faz presente tanto na Alemanha, Estados Unidos, França e Suíça, quanto no Brasil, Chile, Bolívia, Hungria e Romênia.
Atualmente, quatro universidades públicas brasileiras oferecem o curso, sendo duas na região Sul e outras duas na região Sudeste: Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba, Paraná; Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Itapeva, São Paulo; Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Jerônimo Monteiro, Espírito Santo; e Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em Pelotas, Rio Grande do Sul.
No caso do campus paulista, o curso lotado na UNESP-Itapeva possui um conjunto de laboratórios de primeiro nível e bastante representativo, já que contempla muitas áreas de pesquisa, equipamentos e maquinários recentes, os quais facilmente se equiparam aos maiores centros de pesquisa da madeira em todo o mundo como: Forest Products Laboratory dos Estados Unidos, Centro de Innovación en Madera do Chile, Lignum na Áustria, IBois na Suíça, Ivalsa na Itália, entre outros igualmente importantes.
O campus da UNESP-Itapeva concentra sete laboratórios voltados especialmente para a Ciência da Madeira (Anatomia da Madeira; Celulose e Papel; Indústria do Mobiliário e Construção; Painéis e Secagem da Madeira; Preservação da Madeira; Serraria e Beneficiamento; e Usinagem e Automação), bem como outros nove laboratórios mais generalistas e comuns a maior parte dos cursos em Engenharia (Análise Instrumental; Ciências Ambientais; Fenômenos de Transporte, Energia e Controle Ambiental; Física; Informática; Metalografia e Tratamentos Térmicos; Modelagem Computacional e Sistemas de Informação; Propriedades dos Materiais; e Química). Esse extenso corpo laboratorial, compartilhado com o curso de Engenharia de Produção igualmente lotado no campus itapevense, oferece uma ampla gama de pesquisas relacionadas tanto aos materiais lignocelulósicos e seus respectivos beneficiamentos em produtos acabados, quanto a uma ampla variedade de processos industriais incidentes aos dois cursos.
Mesmo assim, diversas barreiras ainda se fazem presentes para a permanência de seu atual status, como um curso superior pouco valorizado e/ou desconhecido para boa parte da população. Diante disso, uma integração entre os profissionais, universidades, empresas e o setor público deve ser estimulada para que esse curso e sua indústria madeireira possam alcançar um grau de maior visibilidade e presença no mercado consumidor, similar aos países que valorizam produtos sustentáveis.
Quanto ao futuro no Brasil, o curso de Engenharia Industrial Madeira tem um grande potencial para contribuir com a indústria nacional e, respectivamente, com a balança comercial, já que boa parte do mundo tem valorizado a madeira e os seus respectivos derivados compósitos e produtos manufaturados.
Um bom exemplo disso refere-se ao atual emprego dos profissionais graduados nesse campo. Dos atuais 295 egressos da UNESP-Itapeva, 72% declaram estar trabalhando. Destes, ao redor de 29% estão no ramo industrial (sendo a maior parte, ou seja, 20% especificamente nas indústrias de base florestal-madeireira e 9% em outras indústrias), 10% na área comercial e 6% já atuam como servidores públicos. Contudo, 8% desses empregados são estudantes bolsistas de mestrado ou doutorado, 5% são professores doutores ou mestres lotados em instituições públicas de ensino superior e 2% são professores da rede pública de ensino básico, fundamental e/ou técnico. Em menor escala, algumas áreas importantes de foco distinto ao curso também contam com esse tipo de profissional em seus quadros como: financeiro, agrárias, transportes e minérios.